Introdução:
O cisto hidático, estágio larval do
gênero, agente da hidatidose cística nos humanos, já era conhecida na
antiguidade, mas só em 1780 é que “as vesículas cheias de água” foram
relacionadas com os parasitos do intestino delgado de cães. Na América do Sul,
os primeiros relatos de hidatidose datam 1860 e 1870 na Argentina e dez anos após,
no Uruguai (áreas extremamente endêmicas) → Centro Panamericano de
Zoonoses – Argentina.
Tem como hospedeiros definitivos cães
domésticos e canídeos sivestres e como hospedeiros intermediários ovinos,
bovinos, suínos, caprinos, bubalinos, cervídeos e acidentalmente o homem.
O cão parasitado por vermes adultos
elimina ovos para o meio externo isoladamente ou dentro de proglotes grávidas
contaminando pastos, alimentos ou mãos de criança. O ovino (hospedeiro normal)
ingere os ovos e ocorre o desenvolvimento do cisto hidático nas visceras
(fígado e pulmões) do ovino. Nos hospedeiros definitivos (cães) a infecção
ocorre através da ingestão de vísceras, principalmente de ovinos e bovinos com
cisto hidático fértil, ou seja, cistos contendo protoescoleces. Estes ao
chegarem no intestino, sob a ação da bile, evaginam-se e fixam-se à mucosa,
aingindo a maturidade em 2 meses, quando proglotes grávidas e ovos começam a
aparecer nas fezes. Os parasitos adultos vivem aproximadamente, se não houver
reinfecção, o cão ficará curado desta parasitose. No humano (hospedeiro
acidental) os ovos normalmente são ingeridos junto ao alimento e, no estômago,
o embrióforo é semidigerido pela ação do suco gástrico. No duoden, em contato
com a bile, liberam oncosfera/embrião hexacanto, que através de seus ganchos
penetra na mucosa intestinal, acançando a circulação sanguínea venosa, chegando
ao fígado e aos pulmões, e mais raramente a outros órgãos. Após 6 meses da
ingestão do ovo, o cisto hidático estará maduro, permanecendo viável por vários
anos no hospedeiro intermediário.
Patogenia:
Como a evolução dos cistos é lenta, as
lesões e os sintomas desencadeados pode, levar anos para serem percebidos,
ocorrendo somente quando o cisto já atinge grandes dimensões. Cistos pequenos,
bem encapsulados e calcificado, podem permanecer assintomáticos por anos ou
toda vida do hospedeiro.
A patogenia da hidatidose humana
dependerá dos órgãos atingidos, locais, tamanho e número de cistos.
Hidatidose hepática → pode
ficar retido nos capilares sinusais, causando uma reação inflamatória com a
presença de um infiltrado de eosinófilos e células mononucleares. Quando a
localização é mais profunda, pode comprimir o parênquima, vasos e vias
biliares. Os sintomas são distúrbios gástricos, sensação de plenitude
pós-prandial e, em casos mais graves, pode ocorrer congestão porta e estase
biliar, com icterícea e ascite.
Hidatidose pulmonar → trata-se
do 2º órgão mais afetado. Pode comprimir brônquios e alvéolos. As manifestações
mais relatadas são cansaço ao esforço físico, dispnéia e tosse com
expectoração. Rupturas de cistos são mais frequentes, com a presença de
protoescoleces e fragmentos de membrana prolígera no material de expectoração.
Existem casos de hidatidose óssea e
cerebral.
Diagnóstico:
Humanos → o diagnóstico
laboratorial inclui técnicas de imunodiagnóstico de imunodifusão arco5,
hemaglutinação, imunofluorescência e ELISA são utilizadas na busca
de anticorpos específicos a proteínas do líquido hidático. Os antígenos do arco
5 e o recombinante B (EgB), obtidos do líquido hidático são os mais utilizados.
No caso de suspeita de rompimento de
cisto pulmonar, deve-se solicitar exame do material de expectoração, para
pesquisa de protoescóleces.
O diagnóstico por inclui: radiografia,
ecografia, ultrasom, cintilorafia, tomografia computadorizada e ressonância
magnética. Visualização detalhada do cisto, porém inconclusiva, pela semelhança
com outras patologias como tumores.
Cães → o diagnóstico
laboratorial d equinococose pelo exame de fezes não fornece nenhum resultado
específico pela semelhança dos ovos com de outros cestódas. O diagnóstico é
relizado através do exame morfológico do parasito adulto, obtido através da
expulsão do cestódeo integro, após a administração de bromidrato de arecolina,
ou por neorópsia de cães e exame do raspado da mucosa intestinal.
Epidemiologia:
Muitos fatores podem determinar a
permanência, reinfecção e dispersão da hidatidose:
- Presença de grande quantidade de cães
nas propriedades rurais e estes parasitados por Echinococcus
granulosus;
- Fácil acesso do cães as visceras
cruas infectadas com cisto hidático.
- Hábito dos camponeses de alimentar os
cães com visceras cruas de animais abatidos (forma econômica para alimentar);
- Falta de tratamento anti-helmintico
aos cães;
- Número insuficiente de abatedouros
com inspeção veterinária no meio rural;
- Precária ou inadequada educação
sanitária;
- Falta de cuidados sanitários sobre a
população de cães no meio rural;
- Falta de recursos financeiros e
políticos para manter campanhas efetivas contra a hidatidose;
- Falta de controle sanitário dos
animais comercializados nos Estados.
Profilaxia:
- Conscientizar a população rural sobre
esta parasitose, vias de transmissão e as medidas de controle, salientando que
esta orientação deve iniciar com as crianças em idade escolar;
- Não alimentar os cães com visceras de
ovinos, bovinos e suínos (no caso de utiliza-las na alimentação dos cães, estas
devem ser bem cozidas;
- Incinerar as visceras parasitadas dos
aniais abatidos;
- Tratar periodicamente, com
anti-helminticos, todos os cães da propriedade;
- Ter cuidado com higiene pessoal,
lavando as mãos antes de ingerir alimentos e depois do contato com cães;
- Impedir o acesso de cães em hortas e
reservatórios de água;
- Lavar frutas e verduras com água
corrente;
- Evitar contato direto com cães
nãa-tratados;
- Realizar o controle de insetos,
principalmente moscas e baratas, que podem carrear ovos;
- Inspecionar os animais abatidos nos
abatedouros;
- Construir abatedouros domiciliares
para ovinos e suínos, visto estes serem mais comumente abatidos nas
propriedades rurais, impedindo o acesso dos cães ao local de abate;
- Manter somente o número necessário de
cães às atividades da propriedade.
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