sábado, 13 de abril de 2013

Echinococcus granulosus


Echinococcus granulosus


Parasito adulto

Introdução:
O cisto hidático, estágio larval do gênero, agente da hidatidose cística nos humanos, já era conhecida na antiguidade, mas só em 1780 é que “as vesículas cheias de água” foram relacionadas com os parasitos do intestino delgado de cães. Na América do Sul, os primeiros relatos de hidatidose datam 1860 e 1870 na Argentina e dez anos após, no Uruguai (áreas extremamente endêmicas) → Centro Panamericano de Zoonoses – Argentina.
Tem como hospedeiros definitivos cães domésticos e canídeos sivestres e como hospedeiros intermediários ovinos, bovinos, suínos, caprinos, bubalinos, cervídeos e acidentalmente o homem.

Ciclo Biológico:



O cão parasitado por vermes adultos elimina ovos para o meio externo isoladamente ou dentro de proglotes grávidas contaminando pastos, alimentos ou mãos de criança. O ovino (hospedeiro normal) ingere os ovos e ocorre o desenvolvimento do cisto hidático nas visceras (fígado e pulmões) do ovino. Nos hospedeiros definitivos (cães) a infecção ocorre através da ingestão de vísceras, principalmente de ovinos e bovinos com cisto hidático fértil, ou seja, cistos contendo protoescoleces. Estes ao chegarem no intestino, sob a ação da bile, evaginam-se e fixam-se à mucosa, aingindo a maturidade em 2 meses, quando proglotes grávidas e ovos começam a aparecer nas fezes. Os parasitos adultos vivem aproximadamente, se não houver reinfecção, o cão ficará curado desta parasitose. No humano (hospedeiro acidental) os ovos normalmente são ingeridos junto ao alimento e, no estômago, o embrióforo é semidigerido pela ação do suco gástrico. No duoden, em contato com a bile, liberam oncosfera/embrião hexacanto, que através de seus ganchos penetra na mucosa intestinal, acançando a circulação sanguínea venosa, chegando ao fígado e aos pulmões, e mais raramente a outros órgãos. Após 6 meses da ingestão do ovo, o cisto hidático estará maduro, permanecendo viável por vários anos no hospedeiro intermediário.

Patogenia:
Como a evolução dos cistos é lenta, as lesões e os sintomas desencadeados pode, levar anos para serem percebidos, ocorrendo somente quando o cisto já atinge grandes dimensões. Cistos pequenos, bem encapsulados e calcificado, podem permanecer assintomáticos por anos ou toda vida do hospedeiro.
A patogenia da hidatidose humana dependerá dos órgãos atingidos, locais, tamanho e número de cistos.
Hidatidose hepática → pode ficar retido nos capilares sinusais, causando uma reação inflamatória com a presença de um infiltrado de eosinófilos e células mononucleares. Quando a localização é mais profunda, pode comprimir o parênquima, vasos e vias biliares. Os sintomas são distúrbios gástricos, sensação de plenitude pós-prandial e, em casos mais graves, pode ocorrer congestão porta e estase biliar, com icterícea  e ascite.
Hidatidose pulmonar → trata-se do 2º órgão mais afetado. Pode comprimir brônquios e alvéolos. As manifestações mais relatadas são cansaço ao esforço físico, dispnéia e tosse com expectoração. Rupturas de cistos são mais frequentes, com a presença de protoescoleces e fragmentos de membrana prolígera no material de expectoração.
Existem casos de hidatidose óssea e cerebral.

Diagnóstico:
Humanos → o diagnóstico laboratorial inclui técnicas de imunodiagnóstico de imunodifusão arco5, hemaglutinação, imunofluorescência e ELISA são  utilizadas na busca de anticorpos específicos a proteínas do líquido hidático. Os antígenos do arco 5 e o recombinante B (EgB), obtidos do líquido hidático são os mais utilizados.
No caso de suspeita de rompimento de cisto pulmonar, deve-se solicitar exame do material de expectoração, para pesquisa de protoescóleces.
O diagnóstico por inclui: radiografia, ecografia, ultrasom, cintilorafia, tomografia computadorizada e ressonância magnética. Visualização detalhada do cisto, porém inconclusiva, pela semelhança com outras patologias como tumores.
Cães → o diagnóstico laboratorial d equinococose pelo exame de fezes não fornece nenhum resultado específico pela semelhança dos ovos com de outros cestódas. O diagnóstico é relizado através do exame morfológico do parasito adulto, obtido através da expulsão do cestódeo integro, após a administração de bromidrato de arecolina, ou por neorópsia de cães e exame do raspado da mucosa intestinal.

Epidemiologia:
Muitos fatores podem determinar a permanência, reinfecção e dispersão da hidatidose:
- Presença de grande quantidade de cães nas propriedades rurais e estes parasitados por Echinococcus granulosus;
- Fácil acesso do cães as visceras cruas infectadas com cisto hidático.
- Hábito dos camponeses de alimentar os cães com visceras cruas de animais abatidos (forma econômica para alimentar);
- Falta de tratamento anti-helmintico aos cães;
- Número insuficiente de abatedouros com inspeção veterinária no meio rural;
- Precária ou inadequada educação sanitária;
- Falta de cuidados sanitários sobre a população de cães no meio rural;
- Falta de recursos financeiros e políticos para manter campanhas efetivas contra a hidatidose;
- Falta de controle sanitário dos animais comercializados nos Estados.


Profilaxia:
- Conscientizar a população rural sobre esta parasitose, vias de transmissão e as medidas de controle, salientando que esta orientação deve iniciar com as crianças em idade escolar;
- Não alimentar os cães com visceras de ovinos, bovinos e suínos (no caso de utiliza-las na alimentação dos cães, estas devem ser bem cozidas;
- Incinerar as visceras parasitadas dos aniais abatidos;
- Tratar periodicamente, com anti-helminticos, todos os cães da propriedade;
- Ter cuidado com higiene pessoal, lavando as mãos antes de ingerir alimentos e depois do contato com cães;
- Impedir o acesso de cães em hortas e reservatórios de água;
- Lavar frutas e verduras com água corrente;
- Evitar contato direto com cães nãa-tratados;
- Realizar o controle de insetos, principalmente moscas e baratas, que podem carrear ovos;
- Inspecionar os animais abatidos nos abatedouros;
- Construir abatedouros domiciliares para ovinos e suínos, visto estes serem mais comumente abatidos nas propriedades rurais, impedindo o acesso dos cães ao local de abate;
- Manter somente o número necessário de cães às atividades da propriedade.

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